"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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quinta-feira, 31 de março de 2022

rama

e queria que ela também quisesse
a verdade é que não quereria querer sozinha
que não quereria temer nem dizer não, que não quereria esquecer pois isto seria por fim ao fim, e encerramentos remetem a... novos começos ou recomeços
novos começos ou recomeços
anagramas de vontades camufladas ou seriam
seriam ou poderiam ser sobre vontades intraduzíveis
só queria amar e amar e amar

segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

ode à bct

não bastasse irmão do jorel, cá estou eu enveredando por mais outro caminho sem volta. que minha bisavó materna, dulce (inclusive, compete fortemente com amanda para nome de bebês), não role no túmulo até fazer um buraco no caixão.

NÃO sou fulana.
NÃO sou beltrana.
NÃO sou nenhuma das tuas outras pessoas.
eu sou eu. diretamente do cartoon de nome: eu sou o máximo.

me deixa falar por escrita mesmo que pelo menos escrever eu faço bem.

muita coisa é difícil de puxar na memória, mas pensa como é excepcional uns bêjo no pescoço, se penso que mordo me arrepia. mas aí pula pra parte em que tô na entrada do paraíso - pois que sim, heaven is a place (no caso, person) on earth. bicho, é bagulho de triunfo celestial. e olha que se trata de uma fenda, e não de grandes portões alados de ouro maciço. é muito melhor que ouro maciço, é carne crua cheirando à

cheirando à








dá agonia, né
imagina essa fenda cheirando à.





imagina o calor emanando das coxas imagina o calor emanando da fenda viva que cheira à

eu fico transtornada. é volúpia disfarçada de outros nomes, transmutada em fendas que gotejam.

tem gente que joga ou dorme.
eu cultuo 01 fenda. eu bebo da fenda, fonte da vida.
mas pera pera pera, devagar.
primeiro eu suspiro à entrada do paraíso e o paraíso, que cheira à, tem sabor de

eu saboreio,
para saborear é necessário passar a língua bem devagar, né, todo mundo teoricamente sabe disso. todo mundo já comeu um doce saboroso na infância e se lambuzou inteira. todo mundo já saboreou doces com pressa e ardor. é ótimo também. mas todo mundo
todo mundo
(espero que todo mundo)
já receou o fim do doce saboroso e,
tendo em vista seu fim,
já saboreou devagarrrrr

imagina agora
imagina que a língua passeia devagar pela porta de entrada do paraíso que é essa fenda que goteja que cheira à

imagina, visualiza mentalmente essa cena: a fenda que goteja feito grito mudo irrefreável

aquele quadro de van gogh, o cara que cortou a própria orelha num surto

é viagem.







tua fenda é uma viagem. poderia ser até pasárgada, mas na real é interestelar.

como ia dizendo, a língua pela entrada da fenda passeia devagar, cada parte precisa ser cultuada louvada lambida. tua fenda é meu altar sagrado, eu deito pra rezar que essa reza é longa e no colchão eu preciso sarrar.

namoral namoralzinha tá zoando o eu-lírico, mas é esse que, com a língua que voz fala, também alimenta o teu desespero da alma


namoral
namoral lek
a língua começa devagar, mas se por um momento a fenda, entrada do paraíso que é tua buceta ensopada, arrasta na minha cara não tem volta não só tem tesão desenfreado você lembra é coisa de gente maluca intensa que gosta de sexo mais do que tudo exceto de amor imenso então é por isso que ralar a língua abençoada e o rostinho angelical nunca é demais sempre requer repetições eternas por isso ir embora é difícil o último dia, eu nunca queria que fosse o último, sempre mais um.

quarta-feira, 19 de junho de 2019

black mirror do português brasileiro espelho preto

das inomináveis maravilhas de se descobrir a si mesma. e de se redescobrir a si mesma.
um par de décadas – mais dois giros anuais – em que pouca coisa pôde ser incluída na caixa do "faz sentido" e outros quatro anos em que muito mais de duas três quatro dúzias de pares de coisas, mais especificamente comportamentos e sensações e raciocínios, podem e são incluídas nas caixas – que já não tem como ser apenas uma – do "faz sentido".
para se viver é necessário viver.
como eu posso abrir uma embalagem plastificada que em si encerra uma tesoura quando, para tal, é necessário – OH! – ter uma tesoura em mãos?
eu poderia tentar rasgá-la. ou amassá-la brutalmente até que crivos viessem a surgir no plástico e este se autodesmanchasse? sim. e alguém alguém alguém nesse universo tão contido, por favor, me explique qual foi a mente sádica responsável por parir uma embalagem dessa.
sim, sabemos que há outras formas de abri-la, sim sabemos que podemos forçar a embalagem até que suas estruturas cedam. mas para que, eu pergunto, para que dar a quem futuramente irá abri-la tanto trabalho desnecessário?
esse é o mundo desde que é mundo.

um mundo mudo
um lugar carnal descarnado
fonte e cerne de incoerências
canal de excessivos desmanches
de impasses previsíveis
e imprevistos previamente adivinháveis
mundo, um lugar que é lugar quando nós o fazemos nosso lar
um lugar medonho, essencialmente equívoco e gerador de combustões
nosso lar, nosso espelho
telas apagadas que nos refletem a nós mesmos.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

glacial

JÁ ROUBEI JÁ MATEI JÁ MENTI

cascatas de creme de milho
nosso paladar complementar

você precisa se bastar. quiçá um dia olhar pra trás será muito mais do que uma vã visão turvada, do que pontadas violentas com sentindo. talvez teu tempo de carregar outros mundos nas costas já tenha passado. o que resta agora é essa teimosia incerimoniosa em petrificar pretéritos imperfeitos. a gente põe pra dentro e depois tem de botar pra fora, é sempre a mesma ladainha, como comer e cagar. e o bota-fora pode ser doloroso, pode gerar hemorroidas, mas é ato imprescindível e ao final prazeroso.
alívio. leveza. soberba. vazio.

processo infindável,
parte do cosmos,
energias afluentes.

já roubei já matei já menti.

quarta-feira, 4 de julho de 2018

sense2

não sei por onde começar, sumi por tanto tempo que sempre que penso em voltar torno a me recolher ao ostracismo...
mais de 15 horas da tarde no ccbb do rio de janeiro, uma ligeira hecatombe driblando todos os inúmeros obstáculos para lá chegar. e na hora marcada – o que caiu por terra. e não te perder sem antes sequer te encontrar [te amo].
cê tava tão linda. a pessoa mais linda de todas as pessoas que meus olhos já puderam vislumbrar [teamo teamo teamo]. aquele cabelo cacheado azul turquesa, o sorriso bobo e constrangido [te amo muito]. e meu coração dispara de forma alarmante, meu primeiro laivo de amor real transcendental além-mundo. você, minha tudo [te amo demais].
desculpa, acabei de ver o último episódio de sense8 e tudo em que conseguia e sigo conseguindo pensar é você você você você pra sempre você. na gente. em carinhos à la gataria entrelaçadas, aquele tanto de amor vulpino num lugar tão pequeno pra quem nunca saboreou o que é amar demais e ser amada pra buceta. e esse lugar era não-físico e, na verdade, imenso de gigante isento de métricas. entre nós tudo sempre foi de uma grandeza extraordinária absurda surreal mesmo, indizivelmente além do que as retinas são capazes de detectar. choque de universos em expansão avalanches terremotos tsunamis furacões vendavais calamidades-mil amor imenso [te amo mais do que tudo].
em momentos como este, tento re-sentir a imensidão do que é esse amar e nada é suficiente ou semelhante. não existe nada que ouse se comparar a esse amor siderado [te amo na mesma intensidade da luz do luar em noites de lua cheia].
às vezes me pergunto se isso o que sinto continua sendo todo o amor que eu poderia sentir por um mundaréu inteiro e que era tudo pra você, só pra você, ou se é pela imagem que guardo de você de nós dos nossos carinhos e conexões sense2anas [palavras são ínvias para descrever todo o amor que sinto por você].
a hora marcada caiu por terra tal qual golias derrubado pela pedrada de davi, mas quem se importa? você apareceu. você apareceu e eu me apaixonei e nós nos amamos demais e brigamos muito e sofremos apenas o que nós duas sabemos o que cada uma sofreu – e tivemos trepadas épicas homéricas consagradas por auroras boreais, vale lembrar [sempre foi muito mais do que amor, realmente não há palavras que abarquem todo o sentimento, apenas sinestesias também difíceis de narrar].
queria dizer mais uma vez que agradeço demais ao cosmos por ter arquitetado esse encontro anos-luz videnciado, mas isso eu já faço todos os dias, agora eu só queria poder te dizer que te amo tanto tanto tanto com profundidade e peso de oceanos que mesmo aprendendo a lidar com essa ausência, a única coisa que eu quero na vida, nessa e em todas as outras, é te ter de volta comigo.
te amo tanto que não adianta tentar ignorar, isso também me leva à loucura. nada nunca vai apagar as bostas que aconteceram, que foram cometidas, que foram mal-pensadas – e mal-pesadas –, eu sei. eu sei. eu sei que dói mais do que beijar asfalto chapiscado essa falta de nós duas se enredando uma na outra.
sentir sem você... é inexistente. se eu fosse adepta à alguma religião, ela seria você.





"If I told you about her, what would you say? That they lived happily ever after? I believe they did.
That they were in love? That they remained in love? I'm sure that's true.
But when I think of her - of Elisa - the only thing that comes to mind is a poem, whispered by someone in love, hundreds of years ago:
'Unable to perceive the shape of You,
I find You all around me.
Your presence fills my eyes with Your love,
It humbles my heart,
For You are everywhere.'"
(The shape of water)

domingo, 4 de março de 2018

Às cargas

Ao nosso amor, aposentado por invalidez, condiciono doses cavalares de esquecimento.
O meu ego, presenteio com reluzentes esporas e camisas de força de acordo com a tendência.
À angústia e às dores no peito, cabeça, ombros, corpo, consciência, indico sessões frequentes de meditação guiada e incensos.
E à essa pessoa maravilhosa, colecionadoranata de papéis de trouxa e infortúnios e azares na sorte – e algumas sortes no azar –, que vem carregando tudo o que já não tem mais capacidade física, emocional e psicológica, dou de bom grado as maiores das dádivas:

perdão
amor
e
tempo



31/01/2017

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

a você, gracinha, que me atura todos os dias
em cada crise em cada surto em cada momento de desespero e perda de autocontrole
a você, boboba (bobona feat boba), que não me segura quando tropeço no nada e me estabaco
e ri comigo e me ajuda a fazer piadas das próprias desgraças, pois sim, o riso nunca pode parar
cujo riso nunca deve parar e dar lugar ao autodepreciamento e choros aos leites derramados – mesmo que haja momentos de hesitação e retrocesso
a você, palhacita 2000, que faz a mim e à outras pessoas terem frouxos de risos
pra distrair dos maus momentos
a você, cabeçorra, que é gente como a gente
e às vezes precisa de muito mais tempo pra repensar e superar as mancadas
a você, sutileza em forma de coice, que não tem muito tato na forma de falar
a você, divina comédia, que nunca mais beberays dessa água
e, em contrapartida, nela só se afogarays
a você, monstrinha peçonhenta, que por fora é a personificação do blasé
mas por dentro é pântano de sentimentos
a você, porra louca da buceta, que me levou a lugares onde jamais pensei que chegaria
tanto pro bem como pro mal, e a escadaria é longa e pode ser infinita
e só por isso eu já te amo um tantão
a você, ansiedade ambulante, que me deixou mudar de curso tantas vezes que perdi a conta
mas que me faz abrir os olhos todos os dias e levantar da cama, que me dá banho e me escova os dentes e me penteia os cabelos com os dedos e me alimenta e me cuida e me tenta entender em todos os ângulos e me perdoa quando ninguém mais consegue
que me faz respirar que me faz viver
e acreditar que hoje pode estar péssimo
mas que amanhã, ah, amanhã, sim, pode ser muito melhor,
hoje a gente toma porrada, meu amor, mas amanhã a gente sabe se defender
e por isso eu te amo na proporção da via láctea em expansão
a você, persona-antolho, que pode até não se acreditar da forma incrível e indescritível que é
mas que lá no fundofundofundo, eu sei. eu vejo. eu sinto. eu te vivo. eu te acredito.
é a melhor pessoa que eu poderia ser.
é a melhor pessoa que eu posso ser.
eu te sou eu te amo como jamais poderei amar outro alguém.




há 02 dias, eu&mozão-melhor-melhor-do-mundo >>>Ágata<<< completamos 06 meses de relação estável (ou algo muito próximo disso), e a verdade é que já são 25 aninhos e uns quebrados – objetiva e subjetivamente falando – de ultra-amor-e-ódio de compreensão de autoconhecimento de tentativas de mergulhões profundos em poças rasas de piadas ruins de solidão de risadas histéricas.
só queria dizer que amo essa pessoa mais do que tudo e a ela devo tudo.

muito obrigada por ser quem é e por tentar ser cada vez melhor.