A crueldade é digna. Sabe como é, a vida é muito breve e eu choro pelo ano, mas por que? Não sou de ferro, nem malígna, muito menos impassível, como costumam dizer ou pensar. Apenas humana, com carne, osso, cabelo, atitude, altivez, esperança, burrice, todas essas coisas estúpidas que um ser humano no mínimo algum dia já teve eu tenho, só que não costumo me policiar e acabo por ter demais. Isso me esgota o ânimo. E tenho essa pequena coisinha de acreditar e idealizar mais do que deveria, quando nada sai como era esperado apenas prorrompo-me aos soluços, essa coisa de acreditar não é só acreditar, não é só pôr um pouco de esperança e esperar que se multiplique, é mais, e idealizar também não é tão fácil, idealizo com vontade. Mas então recebo a notícia de que não poderá ser de tal forma e não me sinto feliz em proceder dessa maneira, é caminho demasiado longo, como isso sucederá? Não perco as esperanças ou a burrice hereditária, nem deixo de fazer altas idealizações, contudo, continuo sem saber como lidar com a decepção quanto às mudanças de rumo que os planejamentos tomam por si mesmos. Me acostumo com certa ideia e então faço o possível para que tal ocorra, mas se ela não ocorre, se as coisas não tomam o rumo que deveriam tomar, se elas saem do controle, saio também, sinto o amargo. Não sei lidar com a perda. Não me ensinaram, não aprendi e tampouco tenho vontade para tal.
"Trata-se de uma decepção diferente: não tenho ódio nem vontade de chorar. Em compensação também não tenho vontade de mais nada."