Quero ver a fumaça formar desenhos e subir, subir, subir... O doce é o amargo de amanhã?
Entrei em parafuso e chorei assistindo a uma reportagem sobre a Primavera Árabe. Andando pela rua como se não houvesse amanhã, pensando breguices, fui ao McDonald's e na fila senti um ódio mortal dessa multinacional, do capitalismo, de toda essa loucura que consome as pessoas - e que as faz consumir como traças -, não obstante, comprei o lanche e voltei para casa. E foi comendo isso que assisti à reportagem sobre a Primavera Árabe e chorei, um choro amargo e silencioso.
Alguma coisa quebrou, mas não foi nesse dia, foi antes. Alguma coisa quebrou e ninguém sabe, só eu, e, apesar de estar expondo, essas duas mil e doses não tomarei lamuriando. As tomarei num gole só, embevecendo-me ao extremo.
A merda é que preciso de mais um dia ou dois para ficar a par de um chabu imprevisto, porém, muitíssimo previsível. Não estou na onda, por isso a chatice... Mas só de pensar no som da música Cochise - o som que começa a partir dos 55 segundos - do Audioslave já sinto a vibe e ela me faz vibrar em êxtase.
A vida é uma só e eu também e além de tudo somos livres. Ela e eu, eu e ela. Par perfeito, em sintonia pura, naturalmente sincronizado e infinito. Causa e consequência. Amor e paixão. Erva e seda. E flui espontaneamente.
"Flui...", penso nisso como se fosse um eco dentro da minha cabeça, como uma fumaça subindo e se espalhando por todos os lados, parece que está se expandindo. E essa trilha sonora enlaça o momento e embala todas as sensações. E é tão lindo, tão maravilhoso, tão místico, tão transcendental que chega a ser inenarrável. A ação é inenarrável e por isso a descrição é sublime e abstrata. Mas isso é mero detalhe, não importa a quem ler, importa a mim, apenas a mim. E para mim, assim está mais-do-que-perfeito.
"Repara no que não digo." (Leminski)
“E é nisto que se resume o sofrimento:
cai a flor — e deixa o perfume no vento.” (Cecília Meireles)
"E nossos olhos transmitiam coisas indizíveis e infinitas, que nossas bocas não podiam falar." (Machado de Assis)
"Come ride with me
Through the veins of history
I'll show you a god
Who falls asleep on the job
And how can we win
When fools can be kings
Don't waste your time
Or time will waste you"
(Knights of Cydonia - Muse)