Mas de repente, para surpresa própria, lá estava ela, chorando aos prantos. Afagou novamente seu pequenino elefante de porcelana. Continuou a chorar, sem tentar, nem mesmo, conter os soluços agudos.
Vagou pelo corredor. Não havia mais cor em seus olhos, apenas dor. Pobre garota. Sem ninguém, sozinha nesse turbilhão que é a vida.
Parou na sala de estar, demorou seu olhar numa das poltronas. Sentiu um ar gélido soprar-lhe os ouvidos, e uma sensação quente subir-lhe pelas costas, como se alguém a estivesse espionando, mas... De onde ? Quem ? Virou-se num pulo, com olhar atormentado, e procurou, desesperadamente, pelo par de olhos gatunos que estavam bisbilhitando-a.
Nada.
A sensação de invasão só aumentando. De repente ouviu-se um grunhido, pareceu vir detrás da janela central, a maior, sempre oculta por cortinas vermelhas, grandes e espessas. A sala de estar não era quente. Liesel aproximou-se da janela, e afastou alguns milímetros da cortina vermelha para o lado. Observou atentamente, nada notou. Ninguém. Sequer um moribundo a espreitava... Decerto havia algo escapando por dentre os eixos...
Uma picada no pescoço. Sonolência. Escuridão.
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