Viver de emoções? Viver de Amor, de sentimentos que se apagam? Viver de outrem? É tão imaterial, inconcreto, incerto... Como se fiar disso?
Nada vai mudar nada nesse século oco. Tudo o que tinha para acontecer e ser inventado, já foi? Então é isso, acabou? Não sobrou nada? Que desfavorecido.
Aceita-se qualquer coisa, até guerras civis, ou uma nuclear, só pra agitar um pouquinho as coisas, anda tudo tão chato e tedioso. Como Alvares de Azevedo se permitiu reencarnar nesse século seco?
Para que, então, continuar escrevendo esse monte de excremento, se não vai dar em lugar nenhum? Não vai mudar nada, não vai fazer diferença, então foda-se. Para que insistir num poço? No fim, há duas possibilidades, 1) Água e escuridão, ou boia até morrer, e sem enxergar nada, ou afogar-se-á de uma vez, 2) Sem água e ainda assim escuro, caiu, bateu, morreu. Não quero insistir num poço.
E depois, qualquer dessas linhas são ruins, ou nasce com esse dom, ou morre vivendo do dos outros.
"Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
"Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
"Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
"Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro 'me acho, me agacho, fico ali'.
"Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
"Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
"Se pudesse, hoje, varria, isso mesmo, varria as pessoas todas com vassoura, como se fossem ciscos.
(Clarice Lispector)
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