A boca dela também abre e fecha, abre e fecha, e eu fico olhando, só olhando.
É que ela é tão intocável que me retém distante e perto, só olho e ouço, às vezes invisto... Mas tudo a longas distrações, longos espaços, tudo ocularmente insensível, informal e ponto. Mas só ocularmente. É que ela é intocável e ninguém é bom o suficiente, na verdade, nem eu. Menos ainda eu.
Olha só o que se passa, crio os meus problemas mesmo quando eles são improváveis, não vivo sem eles, meus problemas, meus, meus, meus, todos meus. Veja bem, estava tudo quase ótimo, aí eu resolvi mudar o curso das coisas, só isso! Adivinha no que deu? Merda. Cor de merda, textura de merda, cheiro de merda, forma de merda, merda pura, puríssima.
E se tudo regressar, já pensou nisso? Serão mais X horas de Z dias, de Y semanas, por N meses. Parabéns, você é a melhor, grandessíssima fazedora-de-merdas!
A boca vai abrir e fechar, ficarei apenas observando e ouvindo, pensativa, maquinando, medindo os prós e os contras, sensacional essa habilidade inata do ser humano, adoro muito tudo isso.
Pensando bem, ela não é tão intocável assim, talvez queira ser, mas não é, muito pelo contrário.
Ainda falta bastante para que tais segundas-feiras recomecem. Amém? Não.
"Será idiota recitar Vinícius de Moraes: 'que seja infinito enquanto dure'. A despedida não é lugar para poesia." (Fabrício Carpinejar - O Amor no Colo)
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