Talvez meus passos fiquem marcados no infinito do espaço como se fossem constelações que sussurram nomes para as demais estrelas em busca do caminho da casa daquela que esqueço todos os dias, cada dia mais. Em vão, em vão...
"Quando era jovem, eu a mim dizia:
Como passam os dias, dia a dia,
E nada conseguido ou intentado!
Mais velho, digo, com igual enfado:
Como, dia após dia, os dias vão,
Sem nada feito e nada na intenção!
Assim, naturalmente, envelhecido,
Direi, e com igual voz e sentido:
Um dia virá o dia em que já não
Direi mais nada.
Quem nada foi nem é não dirá nada."
(Fernando Pessoa - na voz de Paulo Autran)
“Aquele mal secreto que a consumia e com o qual os médicos não se importavam muito - sem dúvida por não saberem dar-lhe um nome - parecia a Pascal uma espécie de desencarnação; nem todas as doenças vêm do corpo; uma alma por demais ardente pode usar seu invólucro carnal até aniquilá-lo; mas - infelizmente - nesse esforço para se depurar, não arruinaria a si própria? Naquele momento extremo em que o espírito se libera afinal, não se desvanecerá para sempre? Talvez fique suspenso, durante um breve clarão, numa lucidez absoluta. Como ocorria todas as vezes em que pensava na morte, Pascal sentiu-se acometido por uma vertigem. Suas considerações o levavam com frequência a esse tema, mas só conseguia considerá-lo por alguns segundos.” (Simone de Beauvoir - Quando o Espiritual Domina (La Primauté du Spirituel; cap. IV, Anne; pág. 169)
“Senhor, livrai-nos de tréguas muito prolongadas e da ilusão de haver chegado seja lá onde for.” (Claudel)
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