18:01. Os pontos de ônibus estão apinhados de gente. Pessoas de todos os tipos, de todos os tamanhos, volumes, cores, odores.
18:02. Meu ônibus está em movimento. Todos os assentos estão ocupados. Qual o destino? Para longe e além.
18:03. O sol está terminando seu ritual de se pôr. O tom do céu é de um azul turquesa.
18:04. Hotel California, da banda The Eagles, acabou de tocar nos meus fones. E lá fora é orquestrada a cacofonia dos veículos poluentes.
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Esse azedume, a rotina, arde nos olhos de qualquer pessoa. Quem nunca se cansa de ser sempre um palito num paliteiro? Quem não se cansa de ser só mais uma carinha falsamente feliz dentre tantas outras carinhas igualmente apáticas, compondo um coletivo tão coercitivo e doentio, protagonizando uma mortandade indissolúvel em plena vida?
Se x povx brasileirx é umx povx triste, isso certamente não se deve aos colonos luso-português – fossem eles aventureiros miseráveis, fidalgos, membros da côrte, tivessem eles sangue azul ou não –, nem axs aborígenes, nem axs negrxs traficadxs do continente africano. Essa tristeza nefanda certamente não se deve ao desejo insaciável por riqueza fácil que tinham os colonos e posteriormente xs mamelucxs e mulatxs e fosse lá mais o quê.
E certamente ela não é proveniente da luxúria e outros desvarios daquelas pessoas. E certamente São Paulo não escapou das lástimas que assolam o país.
18:23. O trânsito está uma bosta como de costume. O transporte público, esse curral, esse matadouro ambulante não vale o esterco de um ruminante.
18:24. And I am hungry like a wolf, disse Duran Duran.
18:25. Alguém escreveu "Dilma e Aécio 'de' as mãos e vão para o inferno" nas costas de um dos assentos, concordo com essx ser iluminadx que desconheço.
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