Desejo que o lugar para onde está indo seja melhor do que este, desejo que você se realize e que nunca se esqueça de mim, de nós. Não pense que sou cruel por isso. Sou pior, muito pior do que isso. Desejo que você jamais esqueça o quanto uns dias fomos as criaturas mais felizes que poderiam existir e que você estragou tudo com o seu egoísmo, com o seu orgulho infinito e com o seu escárnio desmedido. Desejo com a força de mil sóis que você viva, viva muito e muito bem, que tenha saúde o suficiente para ver todos os seus amores desfalecendo, morrendo, apodrecendo e se perdendo na memória do tempo.
E no último dia de vida, quando estiverdes arfando a última brisa, lembrará de todo o seu mal, de toda a sua insignificância, e já será tarde para tudo. Sozinha e infeliz. Que pena.
Depois de todas as cópulas, de toda a vivência... Nada valeu a pena, nada foi frutífero, nada sucedeu em coisa alguma. Nenhuma forma de amor é válida.
"O cruel vinha de que o silêncio também seria inábil e farposo,
contudo educado, então feria, e não pense que vou esclarecer
quem, facilitando a cegueira, pressa ou tontura: O cruel era a
palavra verbalizada, e o verbo era o mal? Mas o silêncio idem..."
contudo educado, então feria, e não pense que vou esclarecer
quem, facilitando a cegueira, pressa ou tontura: O cruel era a
palavra verbalizada, e o verbo era o mal? Mas o silêncio idem..."
(Caio Fernando Abreu - Morangos Mofados)
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