"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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sábado, 14 de agosto de 2010

A vida

No início tudo deve acontecer lentamente, meio a meio... Certas coisas devem despencar do céu, ficamos olhando para cima, à espera de que algo volte a surpreender-nos.
Bem sabe-se o quanto o tempo se arrasta das 5 às 12, e o quanto ele se apressa das 12 às 13.
A vida é tão curta e frágil, dá medo de tudo, de ficar e ir, de ir e voltar, de falar e permanecer calado, de abrir e fechar os olhos, de apagar e acender as luzes do céu e do quarto, de sentir e não sentir, de sorrir e não sorrir, de olhar naqueles olhos e continuar ou desviar.
A vida é pedaço de vento dentro de balão d'água.





"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade."

"Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata..."
(Carlos Drummond de Andrade)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Estranho e frio e gostoso.

Não sei o que dizer. Não sei se por não saber, mas também pode ser que seja pela dúvida, pela possibilidade de que dizer algo talvez faça com que esse encanto se quebre, se desfaça feito algodão-doce.
Estranho. Hoje senti um frio na boca do estômago capaz de paralisar quaisquer movimentos, e paralisou. Ele desceu desde a altura do coração. Muito estranho. Mas não foi ruim, só estranho. Coisas estranhas acontecem.


Ou talvez seja apenas estas batidas desenfreadas.







"O amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar. O mar é grande e cabe na cama e no colchão de amar. O amor é grande e cabe no breve espaço de beijar." (Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 8 de agosto de 2010

Bem que minha mãe disse

Plena manhã de sábado, dia 7 de agosto, 5:45, é, acordei cedo... Bendita aula, na verdade eu nem ia dar as caras por lá, mas tinha um assunto para tratar. Ou tentar. Enfim, adoro São Cristóvão...
Blablablá, blablablá.
Cheguei em casa, tomei banho, pus um shortinho e um blusão do meu time de futebol, deitei de bruços na cama para estudar. Não muito depois, liguei o computador e acessei a internet. Legal, uma delas estava online. Me chamou para irmos à uma festa. Ok. Eu só teria de estar em casa às 21h. É, cedo assim. A festa era na Pavuna... Ou quase.
Eram 15:32 e lá estava eu, Realengo, bem no bloco e sem a menor ideia de qual era o número do apartamento. Adoro. Subi. A criatura-mãe estava morta, dormindo na cama. O pai atendeu a porta. Oba.
A criatura-filha ainda estava se arrumando, puta que pariu. Esperei, esperei e esperei. Saímos, pra lá de 16h. Encontramos com outra criatura, depois com mais duas, faltava uma. A última das criaturas apareceu lá pelas 17:45, eu já estava puta ao extremo, afinal, teria de estar em casa às 21h e já eram quase 18h, nós ainda iríamos para a caralha da Pavuna, aonde quer que fosse. Mas pra animar a viagem, que deveria durar meia hora, havia cantores no ônibus, como cantavam bem... Nós e os demais passageiros nem quisemos nos matar, ou matá-los. Aquela era, definitivamente, a meia hora mais demorada da minha vida... Pois é, meia hora, né, 19:14 chegamos por lá, sei lá onde era, atravessamos a pé uma feira maldita, que favela. Paramos em frente à uma igreja, o celular da praga da aniversariante estava desligado, ok, depois ela ligou e nos indicou que fôssemos de táxi. Chegamos, finalmente, amém irmãos. Subimos, mais burocracia. Subimos mais, que merda! Que festa merda! Puta merda! Só gente linda, olha só, as caras do capeta. Enfim, banheiro. Uma puta fila, ok. Vinte minutos em pé, trinta milhões de pessoas e uma porra de um banheiro com um único vaso sanitário, PUTA QUE PARIU!
Descemos para ir embora, 20h, cadê a besta-anta da aniversariante? Cadê o dinheiro do táxi? CARAAALHO. Chegou a critura, pegamos a prata. Descobrimos que nenhum táxi faria viagem com seis passageiros, ótimo. Tomamos um ônibus, sacolejava tão delicadamente que só senti meu útero deslocando dentro do meu corpo, er, e poderiamos perfeitamente bem ter perdido nossas línguas... É. Soltamos, andamos, andamos mais, ok, chegamos no ponto de onde havíamos soltado, aquele da feira... O ônibus demoraria um pouco para sair. O menino perguntou que horas eram, surtei novamente "O QUE!? 20:53!? MINHA MÃE VAI COMER MEU CU!". O ônibus enfim saiu, surtei de novo.
Lá fomos nós... Aliás, a festa era depois de Pavuna, em São Jõao do Meriti. Nessa "volta para minha terra", nada peregrinada, IMAGINA, passamos por lugares lindos e maravilhosos, realmente estonteantes: Anchieta, Mariópolis, Albuquerque, passamos perto de Nilópolis... Ou seja, a treva, podem juntar Realengo, Caxias e São Gonçalo, Pavuna vence sem esforços e sem ajuda.
Porra, pisamos novamente em terra firme às 21:59, eu tinha de estar em casa que horas mesmo? Ah sim, 21h, né? É. Pegamos uma van. Soltamos, 22:14, andamos até minha casa, um vento gelado de doer os dentes e espantar a alma. Mãos dadas, risos. Chegamos. Um copo d'água.
Fui levar a criatura-filha ao portão, um beijo, dois beijos, três beijos. Er.

Para quem pretendia passar o sábado estudando tranquilamente, até que teve uma tarde-noite BEM movimentada. É, sábadão, talvez eu vá para São Gonçalo no próximo, sabe como é, né? Sair um pouco dessa rotina... Pisar em ruas não-asfaltadas, que aventura...
Bem que minha mãe disse. Pavuna é um pedacinho do céu. Claro, e eu sou hétero. É, minha mãe disse que Pavuna é horrível e etc e tal, pelo menos pude ver com os próprios olhos, sensacional, quero morar lá...

Só serviu para morrer de/fazer saudades.







"Sou ariano. E ariano não pede licença, entra, arromba a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho."
(Cazuza)

PS.: Não sou ariana, mas foda-se, faço mesmo.