"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Saudades e silêncios

    Ontem, tarde da noite, fiz uma coisa por você, e ignoro a precipitação desse ato. Descartei de vez quase um ano de sonhos e planejamentos, é duro lidar com memórias jamais materializadas, na verdade, só pensar brevemente no que poderia vir a ser e agora de fato não o será, me dói feito uma úlcera incurável.


"Também temos saudade do que não existiu, e dói bastante." (Carlos Drummond de Andrade)

“Ah, não há saudades mais dolorosas do que as das coisas que nunca foram!” (Fernando Pessoa - Livro do Desassossego)

"Não existe morte pior que o fim da esperança." (King Arthur)




    Mas é meio insincero dizer que o fiz somente por você, fiz por mim também, minha vida ia se moldando àquilo e esvaia-se por meio de uma tela e de planejamentos incansáveis. Enfim. Digo-lhe, também, que não posso competir com esses órgãos aparentes e que me são distintos. Um arquegônio é um arquegônio e um anterídio é um anterídio. É como comparar as vantagens de se ter um gato e as vantagens de se ter uma geladeira, não tem absolutamente nada a ver, são coisas totalmente diferentes.
    Me contenho nessas umas horas mergulhadas em silêncios esparçados e nada diminutos de quando em vez, com maior frequência do que eu desejaria. Esses silêncios são tão infinitos quanto nossas menores e mais importantes falas.

 
 
"Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo."
(Fernando Pessoa)

"Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche."
(Martha Medeiros)

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Por obséquio.

Mas ainda bem que a senhorita é demasiado racional, desta forma não me fora preciso, como eu havia pensado, arreganhar todas as minhas portas e janelas, revelando tanto por tão pouco, por um motivo desmotivado e excepcionalmente externo, tosco e imprudente...  Poderia ser uma ótima atitude, ou um terrível infortúnio. Todavia, penso que não cabe a mim julgar, nem a qualquer outro indivíduo, não excetuando a ti.
Apenas transmito por intermédio deste, que há certas cores que devem continuar contidas... Ou talvez não devam ser diretamente condicionadas.
Mas estas portas e estas janelas... Peço-lhe apenas que não as arranque abruptamente. Nem tudo se é reparável, incluindo estas minhas portas e janelas, e essas belíssimas cores que todas conservam. Por obséquio, não as desperdice aos olhos alheios.





"Só podia encontrar a felicidade se conseguisse subverter o mundo para o fazer entrar no verdadeiro, no puro, no imutável."
(Franz Kafka)

domingo, 22 de agosto de 2010

The black rose came back

Dilacerou-se inutilmente, dilacerou-se por coisas medíocres, por pessoas sem importância. E que tem o agora? Encontramo-nos no século XXI, mas que diferença faz? Século de transições, nada vai acontecer de intenso, nada. Nada que se faça irá servir de mérito, nem de tendência. Dilacerar-se inutilmente é o que se pode fazer desligando-se do resto do mundo, mas dilacerar-se por si só, sem motivos exteriores. Nada vai mudar nada para direção nenhuma. Estamos no XXI, mas somos do XX.
Viver de emoções? Viver de Amor, de sentimentos que se apagam? Viver de outrem? É tão imaterial, inconcreto, incerto... Como se fiar disso?
Nada vai mudar nada nesse século oco. Tudo o que tinha para acontecer e ser inventado, já foi? Então é isso, acabou? Não sobrou nada? Que desfavorecido.
Aceita-se qualquer coisa, até guerras civis, ou uma nuclear, só pra agitar um pouquinho as coisas, anda tudo tão chato e tedioso. Como Alvares de Azevedo se permitiu reencarnar nesse século seco?
Para que, então, continuar escrevendo esse monte de excremento, se não vai dar em lugar nenhum? Não vai mudar nada, não vai fazer diferença, então foda-se. Para que insistir num poço? No fim, há duas possibilidades, 1) Água e escuridão, ou boia até morrer, e sem enxergar nada, ou afogar-se-á de uma vez, 2) Sem água e ainda assim escuro, caiu, bateu, morreu. Não quero insistir num poço.
E depois, qualquer dessas linhas são ruins, ou nasce com esse dom, ou morre vivendo do dos outros.



"Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
"Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
"Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
"Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro 'me acho, me agacho, fico ali'.
"Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
"Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.

"Se pudesse, hoje, varria, isso mesmo, varria as pessoas todas com vassoura, como se fossem ciscos.
(Clarice Lispector)