"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
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"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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quarta-feira, 19 de junho de 2019

black mirror do português brasileiro espelho preto

das inomináveis maravilhas de se descobrir a si mesma. e de se redescobrir a si mesma.
um par de décadas – mais dois giros anuais – em que pouca coisa pôde ser incluída na caixa do "faz sentido" e outros quatro anos em que muito mais de duas três quatro dúzias de pares de coisas, mais especificamente comportamentos e sensações e raciocínios, podem e são incluídas nas caixas – que já não tem como ser apenas uma – do "faz sentido".
para se viver é necessário viver.
como eu posso abrir uma embalagem plastificada que em si encerra uma tesoura quando, para tal, é necessário – OH! – ter uma tesoura em mãos?
eu poderia tentar rasgá-la. ou amassá-la brutalmente até que crivos viessem a surgir no plástico e este se autodesmanchasse? sim. e alguém alguém alguém nesse universo tão contido, por favor, me explique qual foi a mente sádica responsável por parir uma embalagem dessa.
sim, sabemos que há outras formas de abri-la, sim sabemos que podemos forçar a embalagem até que suas estruturas cedam. mas para que, eu pergunto, para que dar a quem futuramente irá abri-la tanto trabalho desnecessário?
esse é o mundo desde que é mundo.

um mundo mudo
um lugar carnal descarnado
fonte e cerne de incoerências
canal de excessivos desmanches
de impasses previsíveis
e imprevistos previamente adivinháveis
mundo, um lugar que é lugar quando nós o fazemos nosso lar
um lugar medonho, essencialmente equívoco e gerador de combustões
nosso lar, nosso espelho
telas apagadas que nos refletem a nós mesmos.