"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Sem Serventia;


*Redação pedida na aula de filosofia, sobre o anel (de) Giges. O que eu faria se o tivesse, o anel que nos deixa invisíveis ?


O anel. Meu anel, meu precioso anel Giges.

Com este anel eu posso ficar invisível. Posso fazer o que eu quiser, pois nnguém poderá me ver.

Com este anel eu entraria pela porta errada, no lugar e hora certos, e eu veria, aos meus olhos, a pessoa mais perfeita. Eu a veria em todo o seu esplendor. Contudo, uma lástima seria, eu poderia vê-la, mas ela não me veria, não veria que eu a estava apreciando, sim, aquela pessoa perfeita para mim, tão brutalmente bela.

Que propósito teria eu vê-la se ela não me veria ? Nenhum. Seria inútil. Giges a ela eu daria, para que pudesse espiar-me a todo tempo.

Espero que ela não fuja com meu Giges, com meu coração, nossos futuros entrelaçados. Quero poder ver teus estupendos olhos claros e sonhadores, quando o Anjo Caído e de "imoralidade corporal" lhe patir o coração (...), eu certamente estarei perto o bastante para que não passe a ser ainda mais misantropa, e aí, Giges já não terá utilidade alguma.

Meu precioso anel Giges, eu o passo adiante.

Preto no Branco I

Liesel já estivera há muito, tão só, entrentanto, não como agora. Seus pais adotivos... Onde estão ? Liesel pergunta, clama, mas ninguém responde, ninguém vem ao seu encontro.
Está tão escuro lá fora, tão escuro quanto seu cabelo negro como a noite.

- Onde estão ? - Ela novamente ralha, sem compreender o que se passa ao seu redor , sem se dar ao desprazer de sentir os odores que a cercam. Enxofre. Gasolina. Pólvora. - O que está havendo ? - Mas como antes, ninguém responde.
Liesel então, agarra-se fortemente a um pequeno vislumbre de coragem, e abre, numa pequenina fenda, seus olhos. Lindos olhos claros, amadores e hipnotizantes.

Bem ao fundo do quarto enegrecido, pode-se distinguir formas de rostos. Liesel tatea até uma metade do caminho... Está tudo tão quieto, tão escuro... Ela pensa, e analisa as sombras mórbidas que estão mais à frente. Aproxima-se mais, e muda, prende a respiração. De repente um sobressalto, sobe-lhe um frio inóspito pela espinha.
Um clarão. Liesel pôde ver o que estava a poucos metros de distância. Cadáveres. Seus pais tinham seus corpos desmembrados ao chão frio e empoeirado.

Perda de foco, escuridão. Torpor.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Beatriz

Pela silhueta do teu corpo, meu arquejo
Pela tua nobreza, meu desprezo
Por teu meigo sorriso, meus gracejos
A ti, meu amor

Se em teus olhos me perco, de lá almejo não mais sair
Ficarei por toda a eternidade, apenas na imensidão dos teus sonhadores olhos,
Perdida por vontade própria.
Sem água, sem pão
Alimentando-me de luz, de sonhos. Cores.

Imagino, cá com minha ignorância, se daria certo, duas pessoas tão diferentes e ao mesmo tempo, tão profundamente iguais.
Obsessão, fruto de minha platônica paixão ? Maysa Matarazzo me entenderia...

Inúteis. Todos inúteis, textos estes que escrevo.

Fadada à carnificina, às fraquezas da carne
Cedendo para a solidão,
Esquecida na escuridão,
E ela não tem fim.

A oportunidade, pendendo por um fino fio
Projetando para além de onde se origina, muito além.
Queria eu, ver meu passado inteiro
E nos futuros beijos teus, me mobilizar. Sensação sem igual.

Por ti desmorono
Por ti aqui estou:
Caída e indefesa.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Matei ele e Fim.

A vida é dura, é inconstante, às vezes nós perdemos o controle sobre certas situações, sobre nós mesmos. Não é impossível (...), nada, absolutamente, é impossível, mas sim, é difícil.
Eu enganei não só a ela, mas também a mim. O que houve entre nós, teve um triste fim. Estava tudo indo bem, até o dia em que aquilo aconteceu novamente comigo, após tanto tempo. Eu acreditava ter superado. Por que agora ? Por que ?? Enfim. Aconteceu, e foi como um furacão, foi devastador, por dentro eu fui novamente abalada, tudo ruiu. Em segundos eu estava com os nervos à flor da pele, a boca seca, o coração quase rasgava meu peito, gaguejava. Quando nos levantamos foi ainda mais possível perceber o que ocorria comigo, ao fincar meus pés no chão, eu pude sentir, meu corpo todo tremia, meus joelhos me davam a impressão de que eu não conseguiria ficar de pé, meus olhos ardiam, minha cabeça latejava levemente. TUDO estava em desordem. Bastou eu não só vê-la, mas falar com ela. ELA. Nesse dia eu pude perceber que não havia superado coisíssima nenhuma, mesmo ela querendo apenas amizade, tudo bem, eu respeito isso.
E continuei com o meu namoro por mais duas semanas, quase. Ser humano mais indígno.
Pensei, pensei. Contei a ela tudo, tudo o que eu sinto pela outra, fui sincera até os ossos, certamente, foi horrível para ela, mas o que eu poderia fazer ? Reprimir meus sentimentos, continuar me iludindo, iludindo a ela ? Viver numa mentira ? Até quando ? Eu não suportaria.
Estou com nojo da minha pessoa. Repulsa. Um escárnio para minha alma. Para que cultivar algo falso ?
Confusão. Então ela diz-me o que está sentindo e isso muito me afeta, com uma decisão já tomada, com tudo dito, a única coisa que ela me faz sentir é pena. Pena. Qualquer coisa que eu dissesse a ela, a partir dali, daquele desabafo, seria por pena e nada mais, eu me sentiria muito pior. Levem-me à forca, eu mereço.
Manti-me firme.
E agora está feito, ou melhor (?), desfeito. Acabou. Eu digo que valeu e me defendo. Não sou um monstro, tenho sentimentos, evitei algo pior.

Me levem à forca, me levem.



(Ouvindo: Thinking Of You - Katy Perry)