"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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sábado, 31 de julho de 2010

Verdades de mentira

O que adianta pensar em mim e criar verdades, ou fazer de mentiras, verdades, se não fala comigo? Já pensou que amanhã podemos não estar mais aqui? E que o tempo que tem comigo você não passa de maneira proveitosa? É, também não exerço muito bem o meu cargo imaginário. Do que estou falando então? Cargo imaginário, né, por dois motivos, 1) de fato não ocupo cargo nenhum, 2) nada passa desse plano, é imaginário, delusório... Talvez haja mais motivos, e daí? E se houver mais, diferença não faz, dá no mesmo, você fica imaginando e eu também, e nada passa disso.
Mas andei pensando muito, de verdade, e ela não foi inventada e nem transformada em si, andei pensando demais no "daqui pra frente, o que será de nós..", ou algo parecido, e não cheguei a lugar algum de primeira, mas de segunda me fluíram algumas coisas, nem todas otimistas, vieram dúvidas e outras coisas que me tiram a calma, mas vieram outras coisas também, mas também não penso que são otimistas. Senão todas, necessitam de esforço e compromisso... E "aquilo" mesmo cheio de outras coisas sentidas, não se basta com elas, é preciso mais, muito mais.
Mas e daí, nada disso importa para mim. Nada me afeta ou enobrece, nada me inquieta ou desentristece. A vida me deturpa. Sou solteira. Sim, porque há uma diferença gigantesca entre "ser" e "estar", ser é imutável, estar é mutável, adquire-se e perde-se. Sou solteira, nasci assim, vivo assim, morrerei assim. E nada impede, eu não me impeço, eu me impeço. Não me impeço de ser até o fim e me impeço de deixar que me impeçam. Mas sou passível de mudanças sempre, não confio em mim por isso, posso estar certíssima de algo e depois vou me provar estar certíssima de outra coisa, é a minha vida, é, tão incerta quanto posso definir, tão errante quanto quem a vive, ou não...
Essas verdades mal-contadas, transformadas e camufladas, elas acabam com essa pessoa que sou, ou que estou sendo, pode ser momentâneo, não tenho certeza, mas se tivesse, não faria diferença, nada dura pra sempre. A não ser que queiramos, mas isso também é muito duvidoso.
Que droga é não poder tomar uma decisão sem pensar na outra parte, olha a burocracia surgindo, tenho de pensar e repensar e pensar de novo, depois tenho de pesar e pesar novamente e pensar ainda mais... Melhor ainda, é a outra parte supercolaborar sendo superindiferente, isso me alegra tanto! Ou se é ou se está. Malditos joguinhos e orgulhos. Não é tudo, também dão um alô o menosprezo e a hipocrisia, sabe. São coisas sensacionais que eu adoro. Sem ironia... Adoro de verdade, mesmo que essa seja camuflada.
Foda-se, é tudo uma merda.





"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir. Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora. Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue para manter-se viva. Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância. Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto."


"E quando alguém, no plano real, toma forma, a gente imediatamente projeta toda aquela emoção presa na garganta do sonho. E fatalmente se fode, porque está tentando adequar/ajustar um arquétipo, uma imagem de toda a nossa infinita carência, nossa assustadora sede, a uma realidadezinha infinitamente inferior."
(Caio Fernando Abreu)


sexta-feira, 30 de julho de 2010

Vomitar


Cicrano, meu amigo querido, morreste tão cedo, não pensaste em mim? Coitado de mim... Como pôde? Éramos tu e eu, eu e tu, apenas nós quatro. Cicrano, meu amigo querido, confiei tanto em ti, como pôdes descartar minha confiança por pão e banana?
Cicrano era nada mais que um cão, meu cão, querido e único cão. E agora... Bem, agora nada mais é que sabe-se lá o que, nada nessa vida se cria ou se perde, tudo se transforma, né? Não sei no que Cicrano se transformou, nem a confiança que lho havia depositado... Talvez ela tenha se tranformado em ódio ou rancor, quem sabe em tristeza, talvez em saudade, mas não sei.
São cousas que me desatinam. Não aprendi a lidar com essas cousas, não aprendi, e agora não tenho por quê aprender. Por esses dias conheci alguém, essa pessoa tem me feito ver por outras perspectivas toda essa bosta inútil, mas ainda há cousas que não me deixo ler, paro meu olhar no título e não me permito destravá-los de lá, não sei, simplesmente não me permito não sei se por vergonha, receio, ou medo, simplesmente não me permito. E não me arrependo... Sinceramente, cheguei a me permitir certas vezes, mas não me agradaram.
E fico nessa, de aprendo, me arrependo e vomito.
Quero vomitar tudo em tudo o que não me faz bem, feliz ou segura.



"Hoje existir me dói feito uma bofetada."

terça-feira, 27 de julho de 2010

Passados e presentes e futuros


Tem essas coisas que me acontecem cheias de loucura, outras cheias de ódio, e ainda outras mais, cheias de paixão, vá lá. Tem gente que me diz pra não viver de olho no futuro, mesmo que seja próximo, e gastar o presente, vivê-lo em todas as direções. Tem gente me falando um monte de coisa e isso me enche as ideias. Parem.
Se eu quiser esperar alguma coisa, alguma atitude, alguém, algum sentimento, novidade... Caramba, se eu quiser, vou esperar lindamente e acabô, cambada. É... Belezinha. Aí quando deixo de lado todas essas vozes externas que estão tentando pôr minhas decições em atrito, me vêm pessoas e declarações, como se não ter nada disso em consciência já não fosse suficientemente difícil. Ê laiá, só me põem em meio de carnaval. E quando não põem, meto-me sem dó.
Meu bem, de tudo rola, passados que só sabem ressuscitar, futuros que se arrastam pra entrar em prática, presentes que têm presa em acontecer, tudo rola, tudo, tudo, tudo. E pensar que minha vida é entediante, só em pensamentos, aliás, nem isso.
Não quero mais essas vozes. Não queria antes, menos ainda agora. Deixem que penso por mim.
É loucura, foda-se, mas é minha.




"E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais..."
(Tomara - Vinícius de Moraes)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Alguém. Ela. Você.

   É indubitável que quero alguém, mas não "alguém" qualquer um, tanto faz, não, não como se eu fosse me entregar de corpo, mente e alma para a primeira merda que me viesse a aparecer, e sim alguém em específico, de nome bonito, RG, CPF, título de eleitor e os caralhos.
   Essa maneira tão foda-se de ser para tudo, me abriu uma fenda... Por aqui, é, bem aqui... Não, mais pra esquerda. Não, para a minha esquerda... É, agora sim. Essa fenda... Funda e preta, abriu e está finalmente cicatrizando. Nem consigo crer, demorou tanto tempo, mas tenho de acreditar, tenho de acreditar... Tenho e acredito. É.
   Essa fenda maldita sugou tantas coisas, parece um buraco negro, tal sugação imparável, suga e suga, chupa e chupa... Deplorável. Fenda maldita. Mas como disse, ela está cicatrizando agora, desde uns meses para cá. Não aguento mais esperar por ela. Na verdade aguento sim, dizer isso é para expressar a emergência que sinto dela, tão grande e sufocadora. Mas eu aguento, sou forte...
   Espero que essa minha capa não se rasgue, não se esfacele...
   É, quero essa pessoa de que preciso tanto. Ela sabe que preciso, ela sabe que é ela. Ela sabe. Mas ainda lhe devo uma placa. Prometo não fazer promessa de que darei a placa quando for possível, promessas jamais me disseram nada, nada além de mentiras, elas não me supreendem mais desde muitos anos. Enfim. Quero pedir uma coisa, mas me parece meio abusivo, não que seja algo sumamente íntimo, não, não é isso não, mas é que... Sei lá, sou estranha, é, mas ela também sabe disso. Quero pedir "espere por mim", mas me parece um abuso. Soa como um.
   Desculpe, só que eu sinto esse tantão de coisas e, com certa frequência que não conto, me batem esses desesperos gritantes "e se...", "mas...", fico desesperadíssima. Me prego peças o tempo todo, vivo me sabotando, ah, mas você também já sabe disso, você e ela.



"[...] minha única certeza é que de cada vez aumenta ainda mais minha necessidade de ti.
Quando foi que me desequilibrei? Não quero me afogar: Quero beber tua água. Não te negues, minha sede é clara."

"Nada de mau me aconteceria, tinha certeza, enquanto estivesse dentro do campo magnético daquela outra pessoa."