"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O Elogio Perdido




    Por que toda borboleta tem essa maldita sede de voar? Por que não lhes basta repousar em um abrigo confortável?


    Como você pode afirmar que toda borboleta tem sede de voar? E se essa sede for esgotável? E se elas têm sede de voar, não pelo ato de voar, mas por encontrar um abrigo confortável, e por isso voam sem parar? E depois, o que é confortável e seguro nesse mundo? Segurança não existe, paz não existe, confiança não existe, amizade não existe, Amor não existe, céu e inferno não existem, Deus não existe, é tudo invenção. Você e eu também não existimos. Ou somos nada, ou somos tudo, se tudo não somos, nem nada, então somos porra nenhuma, o resto dos restos, o intragável. Mas talvez você seja alguma coisa mais que tudo e eu que não seja absolutamente nada, talvez você exista sozinha e respire sozinha, talvez você seja um "abrigo confortável" e eu não seja digna de repousar. Talvez não seja nem pela sede de voar, mas apenas isso, uma borboleta maldita.











 "Há um poema dentro de mim. Destes de marejar os olhos, de sentir orgulho. Só pode ser um poema de amor. Detalhando os caminhos pelas cicatrizes e encontrando algo desacreditado, um sonho sem visitas, tua verdade mais bem protegida. O poema mistura versos e prosa despreocupado de rimas e intenso na escolha das palavras. Sim, falará dos beijos molhados e dos corpos livres. Mas também vai lembrar da primeira carta guardada no criado mudo, próximo da nossa fé. Vai lembrar do olhar debaixo da chuva. Provavelmente descreverá a beleza de um ponto de vista totalmente parcial. Ele carrega a minha palavra mais preciosa e um ponto final elegante. Completa os sentidos que deixei pelo caminho, refaz meus passos por tudo que aprendi, abre os braços para tudo que não sei. Será uma composição que não saberei reproduzir, única, de forma bruta e deverá permanecer em palavra. Um poema que sussurra, mas não quer sair. Está a espreita de um raiar de Sol mais adequado. Ele é muito natural, mistura estrelas e flores com sentimentos. Quase tem cheiro. É um horizonte preenchido, uma paz conquistada, uma rima com o 'você'."

“Te amo da maneira mais egoísta possível.” (Ensejos)


“Se tu vens, por exemplo, 
às quatro da tarde, 
desde as três eu começarei a ser feliz.” (O Pequeno Príncipe)

“Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um dispositivo interno que nos informa que sem amor, a vida não vale a pena.” (Martha Medeiros)

“Baby, I’m yours
And I’ll be yours until two and two is three
Yours, until the mountains crumble to the sea
In other words, until eternity.” (Baby I'm yours - Arctic Monkeys, Barbara Lewis Cover)

“— Fica comigo?
— E se não der certo?
— A gente tenta de novo."

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Again and again and again...


  Quantas vezes ainda vou ter que ouvir que é pra eu esquecer, deixar pra lá, coisas assim? Quantas vezes ainda vou perder horas de banho pensando nisso? Quantas vezes vou esquecer das coisas de tanto pensar nela? Quantas vezes vou sentir esses enjoos por causa de ciúme e tristeza? Quan... Eu disse que esse ano não será mais outro ano lamuriando sobre essa questão. E não será mesmo... Cortei um mal pela raiz e se for preciso corto outro. Corto quantos forem necessários cortar. Sinto enjoo e calafrio só de pensar nisso, mas não sei mais o que fazer. Nada adianta, nada é o suficiente. Eu não sou o suficiente.
  Preferia arrancar as minhas orelhas e os meus olhos a ouvir e ler essas reclamações e esse sofrimento. Preferia virar poeira. Quantas vezes ainda vou dizer que preferia sumir? Quantas vezes ainda vou sentir como se houvesse centenas de cacos de vidro atravessando o meu coração lentamente?
  Sofrer é cada vez mais uma virtude. Meu coração podre é um delinquente descarado que só gosta de quem não me quer, de quem não se importa comigo. Vou partir para a psicologia reversa, talvez as coisas mudem... Para a melhor, de preferência.


Dos mesmos produtores de ‘eu te amo!’, vem aí ‘tomei no cu!’

domingo, 22 de janeiro de 2012

Querido José, muito obrigada

  – Você tem alguma fé na humanidade? – perguntou ela.
  – Se ainda existe quem tenha fé em deus, por que não na humanidade? – indaguei.


  Eu tenho algo, se fé ou não, eu não sei, mas tenho algo. Esse algo que sinto é uma crença fodida na humanidade. Há séculos as pessoas são estas repetidas figurinhas que vemos atualmente, só mudam as roupas e, quem sabe, os cortes de cabelo... Ah, e os aparelhos eletrônicos, estes, cada vez mais sofisticados e mais capazes de tornar-nos cronicamente sedentários, mas isso não vem ao caso.
  Segundo Thomas Hobbes, se não houvesse um Estado responsável por manter os homens em harmonia entre si, estes viveriam em uma constante guerra de todos contra todos, pois o homem, inatamente, é egoísta, pretensioso e ganancioso, ele nasce predisposto a fazer o que for necessário para obter o próprio lucro - mesmo que isso seja proporcionado em detrimento de outrem.


  O que vemos o Estado proporcionar aos cidadãos hoje em dia é o mesmo de sempre, o pão e o café-com-leite para os pobres - quando isso - e a torta de maçã e o champagne para os afortunados. E os homens vivem em uma guerra de todos contra todos mesmo havendo esse Estado tão glorioso. Enfim, ainda assim acredito no raio da humanidade. Apesar de as coisas estarem, em pleno século XXI, um caos, apesar de os homens continuarem insistindo em dominar uns aos outros, apesar de os homens continuarem insistindo em escravizar uns aos outros, em matar uns aos outros, em cuspir na cara da mãe uns dos outros, eu digo: acredito na humanidade. Mudou até agora. Mudou pra melhor? Não exatamente. Mudou pra pior? Não exatamente. Apenas mudou. E se um dia o mundo foi composto por reinos que eram governados por reis, e agora é composto por países que são governados por presidentes, que são responsáveis por suas máquinas do Estado, e que este - o Estado - por sua vez, é um instrumento de dominação - que atende ao capitalismo - usado em prol da grande burguesia, dos empresários, dos detentores dos meios de produção, das classes dominantes em detrimento das classes baixas, dos trabalhadores, dos operários, é prova de que vai mudar. Hoje em dia é assim. E um dia não será mais. O sistema mudou mais de uma vez, várias, na verdade, e continuará mudando. Isso é um fato.
  Eu acredito piamente nas pessoas. Sou ingênua por isso? Sou. E nada fará com que eu deixe de acreditar. É uma coisa muito minha, não sei explicar... Não é como se eu tentasse acreditar, apenas acredito, é uma crença incrustada. Acreditaria mesmo se não quisesse. Mesmo se não tivesse motivos para. Apenas sinto, e isso é o suficiente. Pode chamar de fé, não chamo de nada porque não sinto essa necessidade de nomear uma crença tão independente, tão inata... Dá pra entender!? É o meu sentimento - completamente desprovido de influências - de crença na humanidade, ele não precisa se chamar fé (!), sei que ele se contentaria em ser chamado somente de José. Simples assim.




Temos disfarçado com falso amor a nossa indiferença, sabendo que nossa indiferença é angústia disfarçada. Temos disfarçado com o pequeno medo o grande medo maior e por isso nunca falamos no que realmente importa. Falar no que realmente importa é considerado uma gafe. (Clarice Lipector)


São coisas difíceis de serem contadas, mais difíceis talvez de serem compreendidas. (Caio Fernando Abreu)



"You may say
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will be as one"
(Imagine - The Beatles)