"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

Ou toca, ou não toca." (Clarice Lispector)
"Eu me recuso a ser sócio de qualquer clube que me aceite como sócio." (Grouxo Marx)
"Repara bem no que não digo." (Leminski)
"Meu epitáfio será: Nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa" (Rita Lee)

I am not but I am

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quarta-feira, 21 de julho de 2010

A casa

Na minha casa há paredes... Paredes que jamais foram acimentadas, onde batia vento, caia tijolo. Não que os tijolos tenham desistido do suicídio... E não que eles não o tenham feito, todavia... Abandonei o que chamava de "minha casa" por uns tempos e voltei à vida de nômade de antes, jogando-me ferozmente estradas adentro e buscando um sentido definitivo para as incertezas inseguras que atavam-se deliberadamente ao caos de minha vida delinquente e desabençoada.
Voltei à casa vinte e tantos anos mais tarde, podre de rodado e bêbado de solidão. Ser nômade é foda. Ter coração nômade, é foda pra caralho. A casa que antes eu chamava de "minha casa"... Era puro tijolos. Espalhados e espatifados. Em vinte anos muita coisa deve ter ela passado, enxurradas, ventanias, arrombos, etc. Aliás, todas as amarguras que ela supostamente enfrentou, não são diferentes das que passei e das que fiz com que passassem, tirando de estranhos e conhecidos de vista, coisas que não me pertenciam. Tirei mesmo, e daí? Fodi com muita gente, e entenda essa merda como quiser.
A casa não parecia o que um dia foi "minha casa". Transtornado e puto, dei meia-volta e fui embora. Se para sempre, talvez, mas pra sempre é uma expressão muito forte, seria como dizer "e até que a morte os separe", ou "você é a única".
Minha casa nunca foi verdadeiramente minha. Nem meus erros... Nem nada, nem ninguém.

"Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia."
(Vinícius de Moraes)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Preto no Branco IV

Acordou... Não passava d'um sonho ruim, mesmo assim tomou nota daquilo em sua mente. Continuou sentada na cama, sem mexer um fio de cabelo, estava apavorada, tudo fora tão real, como pudera acabar tão rápido? Formulou dezenas e dezenas de hipóteses sobre o que aquele sonho poderia significar, mas nada parecia se encaixar. Faltava algo crucial para seu certo entendimento.


- Manoli? Manoli? - Seu cachorro jamais se demorava quando ela o chamava, por que agora? Liesel levantou-se de súbito e foi procurá-lo. Saiu do quarto aos pulos, calçando seu chinelinho, todas as luzes estavam apagadas. Sim, aquilo era muito estranho. Liesel pôde sentir seu coração acelerar gradativamente, enquanto andava na penumbra à procura de seu cão. Sentia-se estranha não só por todo o ocorrido não ter passado de um sonho e por estar faltando algo importantíssimo para entendê-lo, mas por estar numa casa... Na sua própria casa e ainda assim parecer ser a de um estranho. Sentiu um ardor corroer-lhe por dentro completamente.


Repentinamente as luzes se acenderam. Deparou-se frente à uma coroa de cabelos castanhos e logo apagou novamente.

E o tempo não parou.
O tempo nunca para.




domingo, 18 de julho de 2010

Deite-se

O Sol raiou apagado e frio, remexi na cama bangunçando o lençol, descobrindo meu corpo nu, à procura do teu ao meu lado. Mas você não estava lá. Remexi-me para o outro lado, rodopiei quilômetros sobre a cama e não te encontrei sobre ela, deitada ao meu lado. Donde estás?
Aqui não tem nada... Tem gente, tem pobreza, tem desconfiança e inveja, e não tem mais nada. Não tem mais nada, não tem você, não tem nada.
A Lua veio e trouxe as estrelas, contudo, estas também não entornavam seu brilho. O que falta? Por que está tudo tão... Descompensado?

Por que a linha não traceja mais?

Levantei meu corpo da cama e olhei ao redor do quarto. Nada. Você não estava lá. Tornei a desabar sobre a cama e adormeci triste, não tinha teu corpo ao meu, aquecendo-me, alegrando-me, mantendo-me viva até não poder mais, até que nossa respiração voltasse ao normal... Você não estava lá. Como poderia não estar? Sabes bem que preciso de ti como um drogado necessita de sua droga. Sabes bem.
Eu te amo pra cacete e nada vai mudar isso, nada. Pare de graça e deite-se na cama novamente, bem assim, bem ao meu lado e me digas o que pensas, mesmo que não queira, mesmo que seja contra o teu gosto. Não importa o que seja, vou continuar te amando, mesmo que seja a maior das bobagens, pode me contar, pode se abrir... Assim, abrace-me forte e respire no meu pescoço, e faça com que eu me sinta novamente viva, amada e quente.

É tudo o que eu quero.
Você comigo, vivendo, descobrindo e redescobrindo, mesmo que a cada dia morramos um pouco, mesmo que tenhamos dias cinzas e cheios de porcaria nenhuma. Quero você e só você comigo, errando e aprendendo.
Deite-se e venha me amar. Como só você pode me amar.






"Pardon the way that I stare
There's nothing else to compare
The sight of you leaves me weak
There are no words left to speak
So darling feel like I feel
And I don't have to know if it's real
You're just too good to be true
I can't take my eyes off you

Bada...

I love you baby
And if it's quite all right
I need you baby to warm a lonely night
I love you baby
Trust in me when I say

Oh pretty baby
Don't bring me down, I pray
Oh pretty baby
Now that I've found you stay
So let me love you baby
Let me love you

You're just too good to be true
I can't take my eyes off you
You feel like heaven to touch
I wanna hold you so much
At last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
I can't take my eyes off you"
(Can't Take My Eyes Off You - Andy Williams)