"Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato...

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sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Machuca

"Não sei se me levo
ou se me acompanho"
É que agora,
justo agora,
sinto inimaginável vazio
Não dor
nem tristeza,
Apenas gigantesco vazio

No intuito de me ajudar
a menos vazia ficar,
De certo apenas aquelas poucas
e sofridas linhas bastaram.
Esmagadoras com seu peso opressor.

Os sintomas clássicos,
dos mais clichês:
dor flamejante e insuportável,
falta de ar,
incoerência, tormento, desespero,
tremedereira das mais desconfortáveis,
Meu coração diminuindo,
expremendo-se dentro de mim.
Sinto fortemente
seu gosto completamente salgado.
O choro.
Vem alarmante,
me faz querer um refúgio confiável,
onde haverá apenas
eu, meus pensamentos ordinários,
e por mais que eu não queira,
minha lastimável dor
e meu imenso e interminável Amor

Mas não há refúgio algum por perto,
Então, o mais rápido
e menos doloroso que pude
devolvi a ti
seus papéis rabiscados,
rabiscados rabiscos não muito abstratos,
estavam carregados de dor,
amores erráticos,
e pensamentos confusos em abundância
Não pude parar para pensar em nada,
nem mesmo em 1 + 1
ou no meu eu
ou no teu eu.

Fui-me embora o mais depressa impossível
No geral, chorar na frente
de outros rostos,
que não o meu,
não faz meu gosto.
O choro,
as tristes e angustiadas lágrimas
estavam à beira de meu precipício,
pondo seus pés direitos para a frente,
tomando impulso para se lançarem
para fora do abismo
no qual me tornei
após nosso abril sangrento

Respirar dói.
Queria não estar em lugar nenhum
Queria poder não existir,
não ter lido aquele "desabafo" no papel
não ter relembrado de coisas que ainda podem me ferir.

Acho que eu queria tanto
vê-la feliz,
com quem quer que fosse,
que não me dei conta
de que ao sentir-me
extremamente feliz
por você ter conseguido,
que meu eu
a perna em mim passou.
A felicidade na verdade
era a falta onipresente da tua ausência,
falta de você comigo.
A felicidade nada mais era
do que o auge do meu sofrimento.

Enterra-los-ei.
Hoje meus lírios secaram
morreram todos,
Meu jardim tornou-se
irreverente cemitério.
De luto estou.
Sepultem-m
e logo,
hoje eu realmente morri.

Mas não de dilacerante dor,
e sim de não consumado Amor.

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